Tantos Pintores
A realidade, comovida, agradece
mas fica no mesmo sítio
(daqui ninguém me tira)
chamado paisagem
Tantos pintores
A realidade,comovida, agradece
E continua a fazer o seu frio
Sobre bairros inteiros, na cidade,e algures
Tantos mortos no rio
A realidade comovida agradece
porque sabe que foi por ela o sacrifício
mas não agradece muitoA realidade comovida agradece
porque sabe que foi por ela o sacrifício
Ela sabe que os pintores
os escritores
e quem morre
não gosta da realidade
querem-na para um bocado
não lhe chegam muito pode sufocar
Só o velho moinho do acordeon da esquina
rodado a manivela de trabuqueta
sem mesura sem fim e sem vontade
dá voltas à solidão da realidade
Mário Cesariny, Titânia e a Cidade Queimada
4 comentários:
Passei por aqui. Assinei o ponto.Foi um prazer
João.
Amo devagar os amigos que são tristes com cinco dedos de cada lado.
Os amigos que enlouquecem e estão sentados, fechando os olhos,
com os livros atrás a arder para toda a eternidade.
Não os chamo, e eles voltam-se profundamente
dentro do fogo.
-Temos um talento doloroso e obscuro.
construímos um lugar de silêncio.
De paixão.
Herberto Helder Texto
Esta página faz o coração bater tão alto,que ficamos assim...extasiados e calados a escutar e a ler cada letra aqui pintada...Obrigada;Lu!
Mas que post Lucilia, estou como a Cinda "extasiado e calado"
Ja li e reli e ouvi e reouvi...
Continuo sem palavras!!
Beijinhos grandes miga
Ai, acho q acabei de comentar este post e o comentário não vai seguir.
Se for o caso volto a comentar!
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